Brenda de Oliveira Cordeiro
A obesidade é um dos maiores desafios de saúde da atualidade. A cirurgia bariátrica, ou redução de estômago, diminui a capacidade gástrica e pode alterar a absorção de nutrientes. Indicada para casos específicos de obesidade, não é a única opção.
Neste artigo, você vai entender como funciona a bariátrica, seus riscos e desafios, além de conhecer outras formas de tratamento eficazes sem intervenção cirúrgica.
Como a cirurgia bariátrica funciona?
A cirurgia bariátrica faz o estômago ficar menor, reduzindo a quantidade de comida que a pessoa consegue ingerir e, consequentemente, a ingestão de calorias. Existem diferentes tipos de bariátrica, e a escolha do procedimento depende do perfil clínico do paciente.
Vamos aos principais tipos de bariátrica:
Bypass gástrico
É a técnica mais realizada no Brasil. O estômago é reduzido a uma pequena bolsa, ligada diretamente a uma parte do intestino delgado. Assim, a quantidade de comida ingerida é limitada e parte dos nutrientes deixa de ser absorvida.
- Vantagens: perda significativa de peso, melhora rápida de doenças como diabetes tipo 2;
- Desafios: maior risco de deficiências nutricionais, necessidade de suplementação ao longo da vida.
Sleeve (gastrectomia vertical)
Nesta técnica, o estômago é transformado em um tubo estreito, reduzindo em cerca de 70% a sua capacidade.
- Vantagens: técnica menos complexa que o bypass, boa perda de peso;
- Desafios: não altera tanto a absorção de nutrientes, mas pode causar refluxo em alguns casos.
Banda gástrica ajustável
Um anel de silicone é colocado ao redor do estômago, criando uma espécie de reservatório menor. A banda pode ser ajustada conforme a necessidade.
- Vantagens: reversível e menos invasiva;
- Desafios: perda de peso menor em comparação a outras técnicas, possibilidade de complicações mecânicas (como deslize da banda).
Duodenal switch
Combina a gastrectomia vertical com o desvio intestinal. É uma das cirurgias mais complexas e gera grande redução da absorção de nutrientes.
- Vantagens: excelente resultado em casos de obesidade grave;
- Desafios: risco elevado de deficiências nutricionais e necessidade de suplementação rigorosa.
Quando a cirurgia bariátrica é indicada?
A cirurgia bariátrica não é indicada apenas pelo desejo de emagrecer. Existem critérios médicos bem estabelecidos:
- Índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente de outras condições;
- IMC acima de 35 kg/m² com doenças associadas, como diabetes, hipertensão, apneia do sono ou problemas articulares;
- Falha em outros tratamentos convencionais, como dietas, exercícios e medicamentos.
Ou seja, a cirurgia é considerada um último recurso, quando outras estratégias não trazem resultados adequados.
Quais os riscos e desafios da cirurgia bariátrica?
Apesar de seus benefícios, a bariátrica envolve riscos como qualquer cirurgia. Entre os principais desafios estão:
- Complicações cirúrgicas: sangramentos, infecções, refluxo ou obstruções;
- Deficiências nutricionais: baixa absorção de proteína, ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e vitamina D;
- Mudanças psicológicas: o impacto emocional pode ser grande, exigindo suporte psicológico constante;
- Adaptação alimentar: a rotina alimentar muda para sempre, exigindo disciplina e acompanhamento contínuo.
Essas deficiências nutricionais podem trazer consequências importantes se não forem acompanhadas de perto. A falta de proteínas compromete a manutenção da massa muscular, o ferro baixo causa anemia e cansaço, a deficiência de cálcio e vitamina D afeta a saúde óssea, enquanto a falta de vitaminas do complexo B pode prejudicar a disposição.
Por isso, a suplementação personalizada, associada a acompanhamento médico e nutricional frequente, é essencial para preservar a saúde no pós-bariátrica.
Cirurgia bariátrica x mudança de hábitos: o que não se pode ignorar
A cirurgia é apenas uma parte do tratamento. Para os resultados serem sustentáveis, alguns pontos são indispensáveis:
- Acompanhamento com nutricionista e psicólogo: essencial para adaptação alimentar e suporte emocional;
- Reeducação alimentar: aprender a escolher alimentos de qualidade e respeitar limites;
- Suplementação ao longo da vida: vitaminas e minerais se tornam obrigatórios para evitar deficiências;
- Atividade física regular: mantém a massa muscular e melhora o metabolismo;
- Suporte familiar: ter apoio é fundamental para lidar com os desafios da mudança de vida.
Sem esses cuidados, há risco de reganho de peso e complicações a longo prazo.
Análogos de GLP-1: alternativa segura e moderna à cirurgia bariátrica
Nos últimos anos, os análogos de GLP-1 se tornaram uma alternativa eficaz para o tratamento da obesidade. Esses medicamentos atuam imitando um hormônio natural do corpo, responsável por controlar a saciedade e regular a glicose no sangue.
Como funcionam?
Eles reduzem o apetite e prolongam a saciedade e, com isso, fazem a pessoa comer menos calorias ao longo do dia.
- Benefícios clínicos: perda de peso significativa, melhora no controle glicêmico, sem necessidade de intervenção cirúrgica;
- Vantagens sobre a cirurgia: não são tão invasivos, permitem ajuste de dose, têm risco menor e podem ser interrompidos se necessário.
Por isso, os análogos de GLP-1 vêm sendo considerados uma das soluções mais modernas para quem busca o emagrecimento.
Qual caminho seguir: bariátrica ou tratamento clínico?
A decisão entre cirurgia bariátrica e tratamento clínico deve sempre considerar a individualidade de cada paciente.
- Para quem tem obesidade grave e comorbidades, a cirurgia pode ser indicada;
- Para quem busca alternativas menos invasivas, os análogos de GLP-1 oferecem resultados consistentes com mais segurança;
- Em qualquer caso, a mudança de estilo de vida é indispensável para manter os resultados.
O melhor tratamento é o que respeita a sua individualidade
A cirurgia bariátrica é uma ferramenta poderosa no combate à obesidade, mas não deve ser vista como a única solução. É fundamental manter o cuidado contínuo com alimentação, atividade física, saúde mental e acompanhamento médico para os resultados serem duradouros.
Com a chegada dos análogos de GLP-1 e o fortalecimento das abordagens integrativas em saúde, hoje temos mais opções para cuidar do corpo e alcançar resultados duradouros. O mais importante é que o tratamento escolhido respeite sua história, suas necessidades e seus objetivos. Afinal, não existe fórmula única: existe o caminho que faz sentido para você.
Referências:
- KAMAL, F. A. et al. Nutritional Deficiencies Before and After Bariatric Surgery in Low- and High-Income Countries: Prevention and Treatment. Cureus, v. 16, n. 2, 27 fev. 2024.
- ADERINTO, N. et al. Recent advances in bariatric surgery: a narrative review of weight loss procedures. Annals of Medicine and Surgery, v. 85, n. 12, p. 6091–6104, 1 nov. 2023.
- TOPART, P. Obesity surgery: Which procedure should we choose and why? Journal of Visceral Surgery, v. 160, n. 2, jan. 2023.
- OLUKORODE, J. O. et al. Recent Advances and Therapeutic Benefits of Glucagon-Like Peptide-1 (GLP-1) Agonists in the Management of Type 2 Diabetes and Associated Metabolic Disorders. Cureus, v. 16, n. 10, 21 out. 2024.