Brenda de Oliveira Cordeiro
A resistência à insulina é uma das principais causas de desequilíbrios no metabolismo. Associada ao sedentarismo, à alimentação ultraprocessada e ao estresse crônico, essa condição pode evoluir silenciosamente por anos, até se manifestar com sinais mais graves, como obesidade, hipertensão, diabetes tipo 2 e até infertilidade.
Neste artigo, vamos abordar o que é resistência à insulina, seus sintomas, causas, formas de diagnóstico, tratamento e prevenção, com base na ciência atual e em uma abordagem funcional e integrativa da saúde.
O que é a resistência à insulina?
A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo deixam de responder adequadamente à ação da insulina, especialmente músculos, fígado e tecido adiposo. Esse hormônio é responsável por ajudar a glicose (açúcar) a entrar nas células para ser usada como fonte de energia.
Quando há resistência, o corpo precisa de maiores quantidades de insulina para obter o mesmo efeito. Isso leva à hiperinsulinemia compensatória, um esforço do pâncreas para manter os níveis de glicose no sangue dentro da normalidade. Ao longo do tempo, esse esforço pode falhar, levando à elevação da glicose no sangue. O quadro pode evoluir para pré-diabetes e, posteriormente, diabetes tipo 2 e outras disfunções sistêmicas.
Quais são os sintomas da resistência à insulina?
Embora muitas pessoas se perguntem “como saber se tenho resistência à insulina?”, a resposta nem sempre está nos sintomas evidentes. A condição pode se manifestar de forma sutil, especialmente na pele, e através de sinais clínicos associados a um metabolismo disfuncional.
Sintomas comuns da resistência à insulina incluem:
- Fadiga constante, especialmente após as refeições;
- Dificuldade para perder peso, mesmo com dieta e exercício;
- Ganho de peso, especialmente na região abdominal;
- Vontade frequente de comer doce ou carboidrato;
- Queda de energia no final do dia;
- Tonturas ou tremores quando está há muito tempo sem comer;
- Sono agitado e dificuldade para acordar com disposição;
- Aumento da pressão arterial;
- Retenção de líquidos e inchaço;
- Síndrome do ovário policístico (SOP) em mulheres;
- Dificuldade de concentração, sensação de “mente nublada” (brain fog).
Sintomas de resistência à insulina na pele
Um dos sinais cutâneos mais característicos é a acantose nigricans, um escurecimento e espessamento em regiões como pescoço, axilas, virilhas, cotovelos ou atrás dos joelhos. Essa “mancha na pele” pode ser o primeiro alerta de que há insulina alta e resistência tecidual ao hormônio.
Esses sinais cutâneos são frequentemente os primeiros a aparecer e muitas vezes confundidos com falta de higiene, alergia ou problemas dermatológicos.
Resistência à insulina: como ela afeta a saúde?
A resistência insulínica não afeta apenas a glicemia. Ela está no centro de diversas alterações metabólicas e hormonais, muitas vezes sendo o elo oculto por trás de sintomas diversos, como:
1. Aumento da inflamação
A resistência à insulina ativa o sistema imunológico de forma crônica, mesmo sem infecção presente. Isso gera inflamação de baixo grau, associada a dores articulares, fadiga e piora de doenças autoimunes.
2. Alteração no perfil lipídico
É comum haver aumento dos triglicerídeos e redução do HDL (“colesterol bom”), aumentando o risco cardiovascular.
3. Risco de esteatose hepática (fígado gorduroso)
A insulina elevada estimula a síntese de gordura no fígado. Isso pode levar à Doença Hepática Gordurosa Associada à Disfunção Metabólica (MASLD), nova classificação da esteatose hepática.
4. Impacto na fertilidade e nos hormônios sexuais
Mulheres com resistência insulínica podem apresentar Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), ciclo irregular, acne e hirsutismo (pelos em excesso). Homens podem ter queda na qualidade dos espermatozoides e na testosterona, o que pode fazer com que procurem dicas para aumentar a libido.
5. Alterações cognitivas
O excesso de insulina está relacionado a disfunções no cérebro, aumento do risco de depressão, fadiga crônica e doenças neurodegenerativas como Alzheimer.
Como diagnosticar a resistência à insulina?
O diagnóstico da resistência à insulina envolve uma combinação de avaliação clínica dos sintomas, exames laboratoriais e índices, dentro de uma abordagem multifatorial.
Exames mais utilizados:
- Insulina de jejum: valores elevados podem indicar hiperinsulinemia compensatória, um dos primeiros sinais de resistência, mesmo quando os níveis de glicose ainda estão normais;
- Glicemia de jejum: mede a concentração de glicose no sangue após um período de jejum, geralmente de 8 a 12 horas;
- Hemoglobina glicada (HbA1c): reflete a média da glicemia nos últimos dois a três meses. Utilizada principalmente para diagnóstico e acompanhamento do diabetes, a HbA1c pode ajudar a identificar indivíduos com tendência à desregulação glicêmica crônica, muitas vezes relacionada à resistência à insulina;
- Perfil lipídico: um valor elevado de triglicerídeos combinado com níveis baixos de colesterol HDL é indicativo de disfunção metabólica e está frequentemente associado à resistência à insulina, especialmente em contextos de síndrome metabólica;
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): esse exame avalia a resposta do organismo à ingestão de glicose. Quando associado à dosagem de insulina em diferentes momentos do teste, permite estimar a resistência insulínica. Um dos índices derivados do TOTG é o HOMA-IR.
Exames mais utilizados:
- Índice HOMA-IR (Homeostatic Model Assessment for Insulin Resistance): calculado a partir dos valores de glicemia e insulina em jejum, o HOMA-IR é amplamente utilizado para estimar a sensibilidade à insulina. Valores abaixo de 2 são geralmente considerados ideais, mas a interpretação pode variar conforme o contexto clínico;
- Índice QUICKI (Quantitative Insulin Sensitivity Check Index): menos utilizado na prática clínica de rotina, o QUICKI também avalia a sensibilidade à insulina com base em cálculos envolvendo insulina e glicemia de jejum. Apresenta boa correlação com métodos mais precisos, como o clamp euglicêmico, sendo mais comum em estudos científicos.
Além disso, a circunferência abdominal e a composição corporal (como o percentual de gordura visceral) também são marcadores clínicos relevantes.
Como tratar a resistência à insulina?
O tratamento da resistência à insulina requer uma abordagem multidisciplinar e individualizada, com foco no estilo de vida e, em alguns casos, no suporte com suplementação e medicamentos.
1. Alimentação
Priorize alimentos in natura e com baixo índice glicêmico, que promovem uma elevação gradual da glicose no sangue. Reduza o consumo de carboidratos refinados e ultraprocessados, como pães brancos, massas, bolos, biscoitos, refrigerantes, sucos industrializados, salgadinhos e congelados prontos, que favorecem a resistência à insulina.
Aumente a ingestão de fibras solúveis, vegetais, gorduras boas e proteínas magras. Estratégias como o jejum intermitente também podem ser úteis, desde que com orientação profissional.
2. Atividade física
A prática regular de exercícios aeróbicos e de força aumenta a sensibilidade à insulina, principalmente no músculo esquelético.
3. Sono e estresse
A privação de sono e o estresse crônico elevam o cortisol, o que prejudica a ação da insulina.
4. Suplementação
Magnésio, vitamina D, cromo, feno-grego, inulina e inositol demonstram efeitos benéficos na sensibilidade à insulina.
5. Medicamentos
Em casos mais graves, medicamentos como a metformina podem ser indicados, especialmente quando há associação com síndrome do ovário policístico ou pré-diabetes. O uso deve ser sempre orientado por um profissional.
A resistência à insulina tem cura?
A boa notícia é que sim, a resistência à insulina pode ser revertida, especialmente quando diagnosticada precocemente. Trata-se de um quadro adaptativo do organismo, que pode ser corrigido com mudanças de hábitos e acompanhamento profissional.
No entanto, é fundamental compreender que a reversão depende de consistência. O abandono precoce das intervenções pode fazer com que a disfunção retorne, especialmente se o paciente voltar a padrões de alimentação e estilo de vida que contribuíram para o quadro.
Como prevenir a resistência à insulina?
A prevenção da resistência à insulina passa pelas mesmas estratégias que compõem seu tratamento e pode ser ainda mais efetiva quando iniciada antes dos primeiros sinais clínicos.
Estratégias de prevenção:
- Ter uma alimentação saudável e com controle glicêmico;
- Evitar longos períodos de sedentarismo;
- Priorizar o sono de qualidade;
- Monitorar a saúde metabólica com exames regulares;
- Reduzir a exposição a toxinas e alimentos inflamatórios;
- Manter o peso corporal em faixas adequadas, com foco na composição e não apenas no número da balança.
Essas práticas não apenas previnem a resistência insulínica, mas também reduzem o risco de doenças crônicas e aumentam a longevidade com qualidade.
Resistência insulínica e pré-diabetes: qual é a diferença?
Embora frequentemente confundidos, os termos não são sinônimos.
- Resistência à insulina é a dificuldade das células em responder à insulina, podendo ocorrer mesmo quando os níveis de glicose no sangue ainda estão dentro da faixa considerada normal;
- Pré-diabetes é um estágio mais avançado, no qual já se observam alterações nos exames de glicemia, como glicemia de jejum elevada, hemoglobina glicada alterada ou elevação da glicemia após as refeições (glicemia pós-prandial). Isso indica que o organismo está perdendo a capacidade de manter os níveis de glicose sob controle, aproximando-se do diagnóstico de diabetes tipo 2.
Ou seja, a resistência à insulina pode anteceder o pré-diabetes em anos, sendo uma fase em que há enorme potencial de reversão, sem necessidade de medicação.
O papel da vitamina D na resistência insulínica
Estudos apontam que níveis adequados de vitamina D favorecem maior sensibilidade à insulina. Essa vitamina atua em receptores que influenciam diretamente a função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção e secreção de insulina, além de exercer efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores, ambos essenciais para a regulação do metabolismo.
Baixos níveis sanguíneos de 25(OH)D (forma circulante da vitamina D) estão associados a um risco aumentado de resistência à insulina, especialmente em pessoas com sobrepeso, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e doenças autoimunes.
Suplementação com Central Nutrition
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Agora que você já sabe mais sobre o assunto, comece o quanto antes a cuidar da sua saúde para prevenir o problema. Se ainda tiver dúvidas, conte com o time de especialistas da Central Nutrition para te ajudar. Até mais!
Referências
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