Brenda de Oliveira Cordeiro
A saúde intestinal tem ganhado destaque quando se fala em bem-estar geral. Entre os distúrbios mais comuns, a síndrome do intestino irritável (SII) se destaca pela alta prevalência e pelos desconfortos que provoca. Estima-se que até 15% da população mundial sofra com a condição, muitas vezes sem diagnóstico ou tratamento adequados.
Neste artigo, você vai entender o que é a SII, seus sintomas, causas e fatores de risco, como diferenciá-la de outras doenças intestinais e quais são as opções de tratamento. Continue a leitura para saber quando buscar ajuda médica e como cuidar melhor da sua saúde intestinal no dia a dia.
O que é a síndrome do intestino irritável (SII)?
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio funcional do trato gastrointestinal, caracterizado por contrações intestinais irregulares e um conjunto de sintomas desconfortáveis. Diferente de outras doenças intestinais, não estão presentes inflamações ativas ou alterações estruturais identificáveis nos exames convencionais.
Embora não provoque danos permanentes aos tecidos intestinais, a SII pode comprometer significativamente a qualidade de vida, impactando o bem-estar emocional e a produtividade diária.
A condição é mais comum em mulheres, cerca de duas vezes mais frequente do que em homens, possivelmente devido a influências hormonais e à maior sensibilidade ao estresse.
Conheça os sintomas da síndrome do intestino irritável
Os sintomas da síndrome do intestino irritável variam entre os indivíduos, mas alguns sinais são recorrentes:
- Dor ou desconforto abdominal recorrente (geralmente aliviado após evacuação);
- Inchaço ou distensão abdominal;
- Alterações no trânsito intestinal: diarreia, constipação ou alternância entre ambas;
- Sensação de evacuação incompleta;
- Presença de muco nas fezes;
- Gases excessivos e náuseas.
É importante destacar que, além dos sintomas gastrointestinais, muitos pacientes também relatam fadiga, ansiedade, alterações no humor e dificuldade de concentração, uma evidência da conexão entre intestino e cérebro.
Caso seu sintoma seja dificuldade para ir ao banheiro, alguns hábitos podem melhorar o funcionamento do intestino. Conheça quais são eles!
Como são as fezes de quem tem síndrome do intestino irritável
A aparência das fezes pode ser um indicativo importante para o diagnóstico da SII. Com base nos critérios de Roma IV, os pacientes são classificados em quatro subtipos, de acordo com a consistência e frequência das evacuações:
- SII com predominância de diarreia (SII-D): fezes amolecidas ou aquosas, com urgência para evacuar e sensação de esvaziamento incompleto;
- SII com predominância de constipação (SII-C): fezes ressecadas, fragmentadas e difíceis de eliminar;
- SII com padrão misto (SII-M): alternância entre episódios de diarreia e constipação ao longo da semana;
- SII não classificado: quando os padrões não se encaixam claramente em nenhum dos anteriores. Fezes normais em alguns momentos, mas com episódios agudos de irregularidade.
Essas alterações vêm acompanhadas de sensação de urgência para evacuar ou sensação de evacuação incompleta, fatores que afetam profundamente a rotina dos pacientes.
A alimentação pode influenciar os sintomas?
Sim, e em muitos casos, é um dos fatores mais relevantes para o controle da SII. Diversos alimentos podem atuar como gatilhos para os sintomas, especialmente aqueles ricos em FODMAPs, um grupo de carboidratos fermentáveis de cadeia curta que são mal absorvidos no intestino e fermentados por bactérias, gerando gases e distensão abdominal.
Após seguir uma alimentação balanceada de acordo com suas necessidades, aprender a calcular as calorias pode ser eficiente. Por isso, vamos te ensinar como fazer. Aprenda!
Intestino irritável: quais são as possíveis causas?
Ainda não existe uma causa única e definitiva para a SII. Trata-se de uma condição multifatorial, com causas interligadas:
Alterações na motilidade intestinal
Contrações musculares mais fortes ou mais fracas do que o normal podem acelerar ou retardar o trânsito das fezes.
Hipersensibilidade visceral
Aumento da sensibilidade dos nervos intestinais, fazendo com que estímulos normais sejam interpretados como dor.
Fatores emocionais
A comunicação entre o intestino e o cérebro pode ser alterada por estresse, ansiedade, depressão ou traumas emocionais, interferindo na motilidade, na sensibilidade intestinal e na percepção da dor. Não à toa, a alimentação e a saúde mental estão interligadas.
Alterações hormonais
Oscilações hormonais, especialmente as relacionadas ao ciclo menstrual, podem influenciar os sintomas da SII, o que sugere relação com hormônios como estrogênio e progesterona.
Disbiose intestinal e inflamação leve
Entre os fatores envolvidos na síndrome do intestino irritável, destaca-se também o desequilíbrio da microbiota intestinal, conhecido como disbiose. Essa condição pode ser tanto uma das consequências quanto agravante das alterações de motilidade, dos fatores emocionais e das oscilações hormonais.
O desequilíbrio da microbiota intestinal reduz a diversidade de bactérias benéficas e favorece a presença de microrganismos pró-inflamatórios. Isso compromete a integridade da mucosa intestinal e aumenta a permeabilidade da barreira intestinal (leaky gut), permitindo a passagem de toxinas indesejadas.
Como consequência, há ativação do sistema imune e inflamações de baixo grau, que agravam a sensibilidade intestinal e intensificam os sintomas da SII.
Quais são os fatores de risco da síndrome do intestino irritável
Alguns fatores aumentam a probabilidade de desenvolver a síndrome do intestino irritável (SII), como o sexo feminino, idade inferior a 50 anos, histórico familiar da condição, estresse crônico, alimentação desbalanceada e pobre em fibras, uso frequente de antibióticos ou laxantes e problemas emocionais não tratados, como ansiedade e depressão.
No que diz respeito à ingestão correta de fibras alimentares, a dica é adicionar à alimentação aveia, linhaça, lentilha e outras opções que reunimos em um conteúdo completo. Leia também!
Como é feito o diagnóstico da SII?
O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado na história do paciente, nos sintomas apresentados e na exclusão de outras doenças que possam causar manifestações semelhantes. Ele segue os critérios de Roma IV, que envolvem:
- Presença de dor abdominal recorrente por pelo menos 1 dia na semana, nos últimos 3 meses;
- Associação com dois ou mais dos seguintes fatores: alívio da dor com evacuação, alteração na frequência das evacuações e alteração na forma (consistência) das fezes.
Exames laboratoriais e de imagem são utilizados para excluir outras condições com sintomas semelhantes, como doença celíaca, colite, doença inflamatória intestinal e infecções.

Qual a diferença entre SII e outras doenças intestinais?
Diferentemente das doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn ou a retocolite ulcerativa, a SII não apresenta inflamação visível, sangramento, perda de peso significativa ou lesões intestinais. Os sintomas da SII são funcionais e não progressivos, o que significa que não evoluem para quadros graves como câncer ou obstrução intestinal.
Outro ponto de diferenciação é o comportamento dos sintomas: na SII, há uma forte correlação com o estresse emocional e melhora após evacuação, o que não ocorre da mesma forma em outras doenças.
Quais alimentos devem ser evitados no intestino irritável?
Os principais grupos de alimentos que podem estimular a sensibilidade intestinal e intensificar os sintomas são:
Alimentos ricos em FODMAPs:
- Trigo, centeio e cevada;
- Cebola e alho;
- Leguminosas como feijão, lentilha e grão-de-bico;
- Leite e derivados com lactose;
- Frutas como maçã, melancia, pera e manga.
Além dos FODMAPs, outros gatilhos comuns são:
- Cafeína em excesso, especialmente em cafés, chá preto e energéticos;
- Bebidas alcoólicas;
- Frituras, alimentos ultraprocessados e com muitos condimentos;
- Refrigerantes e adoçantes artificiais (como xilitol, sorbitol e manitol).
A melhor abordagem é personalizada, com orientação profissional. Dietas de exclusão temporária, como a dieta low FODMAP, devem ser feitas sob supervisão de nutricionista, com reintrodução gradual para evitar deficiências nutricionais.
Como é o tratamento da síndrome do intestino irritável?
O tratamento da síndrome do intestino irritável deve ser multidisciplinar e individualizado. As abordagens incluem:
1. Estratégias alimentares
Dieta com baixo teor de FODMAPs e aumento gradual da ingestão de fibras solúveis, como aveia e psyllium. Evitar ultraprocessados, glúten (em alguns casos) e lactose, se houver intolerância. Aumentar o consumo de água.
2. Suporte emocional e estilo de vida
A saúde emocional influencia diretamente o intestino. Controlar o estresse, tratar quadros de ansiedade e manter uma rotina com sono de qualidade e atividade física regular ajuda a melhorar os sintomas e a motilidade intestinal.
3. Suplementação e suporte funcional integrativo
Na SII, é fundamental utilizar nutrientes que atuem de forma direcionada na restauração do equilíbrio intestinal. O suporte à microbiota e à integridade da barreira intestinal contribui para a redução dos sintomas, melhora a absorção de nutrientes e fortalece a resposta imunológica local.
Para isso, uma abordagem integrativa pode combinar fibras prebióticas, glutamina, N-acetilcisteína, glicina, zinco e vitaminas D e C, nutrientes que atuam de forma sinérgica na modulação da inflamação, regeneração da mucosa intestinal e suporte antioxidante.
4. Medicamentos
Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário para controle dos sintomas. No entanto, a escolha e o acompanhamento devem sempre ser feitos por um profissional de saúde, considerando as particularidades de cada paciente.
A síndrome do intestino irritável tem cura?
A síndrome do intestino irritável não tem cura definitiva, mas pode ser controlada de forma eficaz com mudanças no estilo de vida, alimentação e manejo do estresse. Muitos pacientes conseguem viver bem, com mínimos sintomas, desde que adotem hábitos consistentes e tenham acompanhamento multiprofissional.
Quando é hora de procurar um médico?
É fundamental procurar um médico, seja gastroenterologista ou clínico, se os sintomas persistirem por mais de três meses, houver perda de peso sem causa aparente, presença de sangue nas fezes, dor abdominal intensa e progressiva ou histórico familiar de doenças intestinais graves.
O diagnóstico precoce permite descartar outras doenças e iniciar estratégias que devolvam qualidade de vida ao paciente.
Suplementação com Central Nutrition
O cuidado com a síndrome do intestino irritável começa pela base: equilíbrio da microbiota, integridade da mucosa intestinal e modulação da inflamação leve.
O GUARDIAN® foi desenvolvido para auxiliar o funcionamento intestinal, apoiando as defesas naturais desse órgão essencial e no conforto digestivo. Sua fórmula combina:
- Fibras prebióticas de baixa fermentação, como goma acácia e β-glucanos, que ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, fortalecer a barreira do intestino e reduzir sintomas como gases;
- β-glucanos da levedura Saccharomyces cerevisiae, associados às vitaminas C, D3 e ao zinco, que contribuem para a preservação e proteção das células intestinais;
- Zinco, que participa do reparo celular; L-glutamina, que fornece energia para os enterócitos; L-glicina, com ação moduladora da inflamação; e cisteína, que apoia a resposta imunológica.
Cuidar do intestino é o primeiro passo para recuperar o conforto e a qualidade de vida. Caso ainda tenha dúvidas sobre o assunto, compartilhe conosco que vamos responder o quanto antes!
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