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Cirurgia bariátrica e seus cuidados nutricionais

A cirurgia bariátrica emergiu como o tratamento para a obesidade mórbida na qual os pacientes possuem suas atividades diárias e/ou mobilidade comprometida e que não apresentaram resposta ao tratamento clínico e mudanças de estilo de vida.

Em 2013, quase meio milhão de operações metabólicas/bariátricas foram realizadas em todo o mundo, de acordo com a Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO).

Neste post você saberá:

  • O que é uma cirurgia bariátrica?
  • Quais os riscos e vantagens da cirurgia bariátrica?
  • Quais os desafios na recuperação pós-cirurgia bariátrica?
  • Quais os cuidados pós-cirúrgicos?

Quais são os riscos e vantagens da Cirurgia Bariátrica?

A cirurgia bariátrica é atribuída a diversas técnicas que de maneira geral levam diminuição do estômago. Ela é aplicada nos casos em que somente a atividade física e reeducação alimentar não são suficientes para restabelecer o peso do paciente e a diminuição da gordura corporal. Todos esses parâmetros envolvem acompanhamento psicológico, nutricional e médico. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a cirurgia é indicada para pacientes com índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 40 ou IMC entre 35 e 40 com pelo menos duas complicações relacionadas.

A realização da cirurgia bariátrica determina perda de peso de 20-35% do peso inicial após 2-3 anos do procedimento, o que está associado a melhora de complicações da obesidade, como diabetes tipo 2 e câncer, além de aumentar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes (ABESO, 2016).

A perda de massa gorda é a meta da cirurgia bariátrica, mas déficits nutricionais, como a desnutrição proteica, podem-se desenvolver associados a perda do músculo esquelético, bem como a perda de micronutrientes. Muito indivíduos obesos, antes mesmo da cirurgia bariátrica, apresentam, em função da má alimentação, um comprometimento dos níveis de vitaminas desejadas. A associação da baixa concentração de micronutrientes e macronutrientes no pré-operatório juntamente com as modificações causadas pela cirurgia pode levar a uma deficiência grave destes componentes.

Quais são os desafios na recuperação da Cirurgia Bariátrica?

Um dos grandes desafios é a deficiência nutricional que pode ocorrer após cirurgia bariátrica. Essas estão associadas a restrição da ingestão alimentar e/ou redução das áreas de absorção dos nutrientes e a diminuição no tempo no qual o alimento permanece no trato gastrointestinal. As cirurgias bariátricas restringem a quantidade de comida que uma pessoa pode comer, o que ajuda a promover a perda de peso, mas pode prejudicar o seu estado nutricional.

O músculo esquelético constitui o maior pool de proteínas, ou seja, o maior conjunto de aminoácidos no corpo, e a sua perda tem importantes implicações na saúde.  Para manter um determinado nível de proteína muscular é necessário um equilíbrio entre as taxas de síntese, ingestão de aminoácidos, e a degradação de proteínas.

Alguns estudos sugerem que a taxa reduzida de síntese proteica está implicada na perda de massa muscular após a cirurgia bariátrica e isso é associado ao consumo inferior de macronutrientes, bem como o armazenamento dos aminoácidos no corpo. De maneira especial temos a ingestão de aminoácidos essenciais, que não podem ser sintetizados pelo organismo e possuem um papel fundamental na regulação da síntese de proteína muscular, com o potencial de reduzir a perda de proteína muscular após a cirurgia.

A anemia é recorrentemente observada em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, sendo geralmente provocada pela deficiência de ferro. O mesmo é observado para vitamina D e cálcio. Algumas cirurgias comprometem a absorção de cálcio e ocasionam a redução do complexo de sais biliares com a gordura, afetando a absorção de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D.  A vitamina D associada ao cálcio e a vitamina K2 são necessárias tanto para garantir uma boa função esquelética, quanto na prevenção de doenças cardiovasculares e, além disso, auxiliar a função imune.

Relatos de casos tem demonstrado a deficiência de vitamina B1 (tiamina) no pós-cirúrgico, principalmente na presença de náuseas e vômitos. Sua diminuição pode levar a lesões neuromusculares irreversíveis e defeitos permanentes de memória recente. A deficiência de vitamina B12 tem sido frequentemente relatada, variando entre 12-75%. Os baixos níveis de vitamina B12 são observados mais tardiamente em função da reserva que este paciente possui no fígado, a maioria das vezes ocorre após um ano ou mais. Faz-se necessário um acompanhamento do consumo de todas as vitaminas do complexo B, pois a falta dessas pode levar à fadiga, dores musculares, câimbras, anemia e até mesmo confusão mental.

Quais os cuidados pós-cirúrgicos?

É preciso que ocorram mudanças de hábitos alimentares e de estilo de vida! A cirurgia apenas não é o suficiente para manter-se no peso e com a saúde adequada.

Mudar as práticas nutricionais para aumentar a ingestão de aminoácidos essenciais, vitaminas e minerais fornece uma abordagem que pode, potencialmente, prevenir a perda de tecido corporal magro, doenças associadas a má ingestão nutricional e finalmente alcançar um nível mais sustentado de saúde em pacientes que passaram por uma cirurgia bariátrica. Portanto, é fundamental o acompanhamento clínico nutricional de todos os cientes submetidos à cirurgia bariátrica a fim de garantir a manutenção da perda de peso de forma saudável.

Leia também: Como deve ser uma dieta pós-cirurgia bariátrica?

Katsanos, C. S., Madura II, J. A., & Roust, L. R. Essential amino acid ingestion as an efficient nutritional strategy for the preservation of muscle mass following gastric bypass surgery. Nutrition32(1), 9-13, 2016.
Bordalo, Lívia A.; Mourão, Denise Machado; Bressan, Josefina. Deficiências Nutricionais Após Cirurgia Bariátrica. Acta Medica Portuguesa, V. 24, 2011.
http://www.abeso.org.br/ – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica
http://www.ans.gov.br/images/Manual_de_Diretrizes_para_o_Enfrentamento_da_Obesidade_na_Sa%C3%BAde_Suplementar_Brasileira.pdf

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